sábado, 21 de julho de 2007

Alguém...



Eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém sem precisar procurar no meio da multidão...

Alguém sem destaques tão evidentes ou cavalos brancos...

Alguém que soubesse se aproximar sem ser invasivo ou que não se esforçasse tanto para parecer interessante...

Alguém com quem eu pudesse conversar sobre literatura, música, biologia ou simplesmente sobre o meu dia...

Alguém a quem eu não impressionasse apenas com discursos inteligentes ou com demonstrações de segurança e autoconfiança...

Alguém que me enxergasse sem grandes idealizações e que me achasse atraente ao acordar...

Alguém que me levasse ao cinema e, depois de um filme sem graça, me roubasse boas gargalhadas...

Alguém de quem eu não quisesse fugir quando a intimidade derrubasse nossas máscaras... Eu queria não precisar usá-las e ainda assim não perder o mistério ou o encanto...

Alguém q segurasse minha mão e tocasse meu coração... Que não me prendesse, não me limitasse, não me mudasse em se tratando de essência...

Alguém com quem eu pudesse aprender e ensinar sem prepotências...

Alguém que me roubasse um beijo no meio de uma briga e me tirasse a razão sem que isso me ameaçasse... Que me dissesse que eu falo demais e que risse das vezes em que eu fosse desastrada...

Alguém que me olhasse nos olhos quando fala, sem me deixar intimidada... Que não depositasse em mim a responsabilidade exclusiva de fazê-lo feliz...

Alguém de quem eu não precisasse, mas com quem eu quisesse estar sem motivo certo...

Alguém com qualidades e defeitos suportáveis... Que eu não conseguisse olhar em outra direção...

Alguém educado, mas sem frescuras; engraçado e, ao mesmo tempo, levasse a vida a sério, mas não excessivamente...

Alguém que me encontrasse até quando eu tento desesperadamente me esconder do mundo...

Eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém imperfeito...
...feito para mim!!

domingo, 8 de julho de 2007

Medo de dizer te amo



Um cientista coloca um ratinho numa gaiola. No início, ele ficará passeando de um lado para o outro, movido pela curiosidade. Quando sentir fome, irá à direção do alimento...
Ao tocar no prato, no qual o pesquisador instalou um circuito elétrico, o ratinho levará um choque forte, tão forte que, se não desistir de tocá-lo, poderá até morrer. Depois do choque, o ratinho correrá na direção oposta ao prato.

Se pudéssemos perguntar-lhe se tem fome, certamente responderia que não, porque a dor provocada pelo choque o faz desprezar o alimento.

Depois de algum tempo, porém, o ratinho entrará em contato com a dupla possibilidade da morte: a morte pelo choque ou pela fome.

Quando a fome se tornar insuportável, o ratinho, vagarosamente, irá de novo em direção ao prato.

Nesse meio tempo, no entanto, o pesquisador desligou o circuito e o prato não está mais eletrificado. Porém, ao chegar quase a tocá-lo, o medo fica tão grande que o ratinho terá a sensação de que levou um segundo choque.

Haverá taquicardia, seus pelos se eriçarão e ele correrá novamente em direção oposta ao prato.

Se lhe perguntássemos o que aconteceu, a resposta seria: “Levei outro choque”. Esqueceram de avisá-lo que a energia elétrica estava desligada! A partir desse momento, o ratinho vai entrando numa tensão muito grande.

Seu objetivo, agora, é encontrar uma posição intermediária entre o ponto da fome e o do alimento que lhe dê uma certa tranqüilidade.

Qualquer estímulo súbito, diferente, que ocorrer por perto, como barulho, luminosidade ou algo que mude o ambiente, levará o ratinho a uma reação de fuga em direção ao lado oposto do prato.

É importante observar que ele nunca corre em direção à comida, que é do que ele realmente precisa para sobreviver.

Se o pesquisador empurrar o rato em direção ao prato, ele poderá morrer em conseqüência de uma parada cardíaca haja vista que tem excesso de adrenalina causado pelo medo de que o choque primitivo se repita.

É provável que você esteja se perguntando: “Muito bem, mas o que isso tem a ver com o medo de amar?”

Tem tudo a ver. Muitas vezes, vemos pessoas tomando choques sem sequer tocar no prato.

Quantas vezes você teve vontade de convidar alguém para sair, para conversar, para ir à praia ou ao cinema, e não o fez, temendo que a pessoa pudesse não ter tempo ou não gostasse de sua companhia e, desse modo, acabou sentindo-se rejeitado – sem ao menos ter tentado?

Quantas vezes você se apaixonou sem que o outro jamais soubesse do seu amor?

Quantas vezes você abandonou alguém, com medo de ser abandonado antes?

Quantas vezes você sofreu sozinho, com medo de pedir ajuda e ficar dependente “de alguém”?

Quantas vezes você se afastou de um grande amor, com medo de se comprometer?

Quantas vezes você não se entregou ao amor por medo de perder o controle de sua “liberdade”?

Quantas vezes você deixou de viver um grande amor com medo de sofrer de novo...

Quantas vezes você tomou um choque sem tocar no prato?

Pense nisso! E arrisque-se...

É melhor tentar e perder do que viver na incerteza!

sábado, 7 de julho de 2007

Rosa-Ângela (Hoje fez três anos...)


Rosa-Ângela

Queixava-se de dor de cabeça quase sempre, enxaquecas eram constantes, tanto que nos acostumamos, nunca se formulou a hipótese de ela não ser saudável; afinal, quem julgaria dor de cabeça como doença? Apesar de ter quatro filhos não muito unidos e a saúde apenas aparente, mantinha-se em seu lugar: era a coluna da casa.

No entanto percebi que em um determinado tempo ela estava diferente, andava muito estressada, agia como nunca havia agido. Porém aquele ano estava sendo horrível para mim haja vista que muitos problemas haviam surgido em minha vida (parece que o destino personifica-se e resolve trazer tudo de ruim de uma só vez) e eu pensei que fosse fruto de minha imaginação por estar muito vulnerável.

Estávamos no período das férias, próximo ao meu aniversário, mas eu não tinha grandes expectativas, todavia pensei que minha situação não pudesse piorar. Enganei-me. Ela tivera o sonho... Sonhou com a morte... Dois dias depois, recebi a notícia: ela estava no hospital. Fui visitá-la chorando muito, estava apática, mas seus olhos irradiavam o amor que sentia por mim. Apesar de triste, não pensei que fosse passar de um susto, acho que ninguém pensou, nem ela.

Fui proibida de demonstrar sentimentos a ela, tinha que fingir estar tudo bem... Quinze dias no C.T.I. se arrastaram e voaram... Hoje entendo mais do que nunca a importância de se ter uma mãe. Depois desse desastre nada foi igual, a culpa veio tão forte em mim... Queria ter dito tantas coisas... Tarde demais. Aneurisma, essa foi a maldita que arrancou de mim o bem mais precioso: Rosângela; antes Rosa, agora Ângela.


sexta-feira, 6 de julho de 2007

Felicidade


Há pessoas que desistem da felicidade,
renunciam como quem renuncia a um prêmio não merecido. Mas essa renúncia não se faz de forma consciente e clara, ninguém diz:à partir de agora não quero mais ser feliz. Não.
O que acontece é bem pior, pois a pessoa não se dá conta do perigo que se instalou dentro dela.
Abandonar-se é afastar de si as probabilidades de momentos que poderiam ser eternos e inesquecíveis.
São tantas as marcas deixadas pelas decepções, tantas feridas que nunca chegam a cicatrizar, tanta dor latente, que o que acontece é que perdemos a capacidade de acreditar nas coisas boas. Dizemos que amor verdadeiro não existe, que pessoas com as quais sonhamos não existem, que da vida não esperamos mais nada.
Nos resignamos a viver o dia-a-dia como se não tivéssemos outra opção.
Não vemos mais a felicidade como objetivo, mas como oportunidade perdida de maneira irremediável.
Morremos de inveja quando vemos alguém feliz, mas não tomamos a decisão de na manhã seguinte partirmos para a luta por uma conquista cara ao coração.
Deixamos de dar valor mesmo ao que já faz parte da vida e que contribui, de uma maneira ou de outra, a manter a razão da existência.
Mas felicidade não é um todo e nem tampouco algo de uma vez por todas.
Felicidade são gotas de bons momentos que passamos aqui e ali, são horas agradáveis que desfrutamos com as pessoas que são importantes pra nós, são coisas que ficam gravadas no nosso coração pra sempre para manter-nos de pé quando a maré estiver baixa.
Raras são as pessoas que podem afirmar que nunca tiveram um momento de verdadeira felicidade.
Ricos são os que guardam esses momentos e os reavivam na hora certa.
Tristes são as pessoas que os jogam fora e deixam que percam valor, empoeirados em um recanto qualquer da vida.
Felicidade não é nenhuma recompensa, é um direito natural de todo ser humano.